quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Lembranças. (2003)






As paredes da casa branca
hoje não me lembro mais.
As paredes que me protegiam
hoje não protegem mais.
A infância a ir embora
e com ela as paredes da casa,
que saudade dos tempos em que as riscava,
e as cartas de amor hoje não estão mais
e sobre a tinta nova as lembranças ficam pra trás.
Hoje são coloridas,
parecem até murais,
ah, as paredes que me protegiam,
 hoje não protegem mais.

Sem te ver. (2002)







Sei, eu entendo, mas...
Porque tudo esta tão triste assim?,
sinto falta do teu beijo em mim,
do teu cheiro,
do teu colo,
e me fazer dormir.
Me fala o que sinto,
me diz o que fazer,
se ficar mais um dia sem você
receio morrer.
 E viver seria mais fácil sem sofrer,
e sofrer é tão fácil sem você...







Combinação. (2002)


A chuva cai.
O céu nublado.
O mar bravio esta.

Os pingos fortes.
As nuvens negras.
As ondas estão a quebrar.

Sentidos. (2001)





Vivo,
neste
 abismo
obscuro
dos
meus
profundos
desejos.

Morro,
neste
abismo
profundo
dos
meus
obscuros
pensamentos.


                          “Abyssus Abyssum Invocat.”

Pesadelo. (2001)


De olhos bem fechados
caminhando pelo asfalto
sinto a fumaça que do chão sobe
sinto o sangue que do peito escorre
e cozinha no chão em brasas.


De olhos bem abertos
caminhando pelo asfalto
vejo o corpo que no chão cai
vejo a alma que do corpo sai
 e vaga em direção ao nada.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Tempestades. (2001)




A dor que me consome
                  é fria,
                        gelada,
um frio que esquenta
                              e maltrata...
O céu hoje
           é escuro,
                     fúnebre,
                                    mas não tão quanto meus olhos
                                                    e minha alma...
  

Senhas. (2001)


Agora,
sinto e penso em tudo,
tudo em minha mente esta,
e a ignorância das palavras me maltrata
e a incerteza me deixa angustiada
                                                    me cala,
                                                    me cala,
                                                              e sobressalta,
 a lágrima amarga em minha boca, 
sem dor,
sem cor,
 sem língua,
sem nada...
  

Liberdade. (2001)


Tudo passou.
Já não suporto as lembranças do que não restou,
já não me lembro das recordações que você levou,
tudo queima,
tudo rasga,
 dentro de mim tudo estraga
mas e daí?
Se um dia encontrar
um motivo que me leve novamente a sonhar,
sem hipocrisia,
 sem anarquia,
direi:
Estrague minha mente,
sentindo o que sente,
vamos voar?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A casa. (2001)

            




Quero sair daqui,
não suporto mais esta casa,
não suporto mais esta sala,
que me sufoca,
 me deixa sem fala
 tudo aqui dentro
                me mata,
                     me cala,
                       me estraga,
                                me corta...

               

Agonia. (2001)



Sinto um profundo vazio
que me consome
e me some
sem deixar vestigios,
não sei mais onde procurar sentidos.

Sinto esta dor
que me corrói e
me rói
sem deixar pistas
não posso mais ouvir suas mentiras.

.






sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Lágrimas. (2001)




As raízes no chão,
tudo me diz,
sim e não,
 em torno do universo o mundo gira,
e a existência persiste,
a eminência consiste
em acreditar em tudo que não existe.
Tudo vai,
tudo vem,
por mim tudo bem,
só não pense que eu vou chorar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

20 minutos da minha vida. (05/09/2000)


O sol esquentou todo meu corpo
senti arder o sangue fervente nas veias
o coração bateu ligeiramente forte
e tudo em mim explodiu em alegria...


Quando o sol cruzou os ponteiros
e as horas já não passam mais tão depressa
meus vinte minutos de reza já não adiantam
se a minha alma esta tão vazia...


Energias sobem ao céu
vultos pensamentos juntos a sentimentos
e dentro da câmara vazia
minha pele vai ficando fria e alva como neve
parece o defunto que descansa mais não se atreve
a respirar e abrir os olhos...


Quando o medo preenche o vazio
não se consegue ouvir nem um “piu”
do passado que ficou pra trás
e no final de cada dia lua clareia o mar
como se algo pudesse mudar
se as estrelas soubessem da minha agonia...


Mas no começo de cada dia
já não sinto a pele tão fria
como a noite que acabou
o sol é todo alegria
e hoje é só mais um dia
que vou vivendo na minha vida.


Olhando o que nunca tive coragem
e acreditando que na verdade
eu nunca estive sozinha...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

À noite. (2000)




                                                                             A Recife.



Tudo o que vivo
não tem nada a ver comigo
Tudo o que respiro
me mata.
Toda aquela fumaça
começa a me dar náuseas,
vômitos,
 pessoas largadas,
pontas de cigarro,
não sei mais o que faço.
O vinho tem cor de sangue,
capitalismo,
 e burguesia,
os olhares atravessados
atravessam a avenida.
E os tiros para o alto...
Me desgasto,
 e desgasto
a sola do meu sapato.
Não suporto mais as piadas.
As cantadas
mal contadas,
e a canção dos pássaros da noite,
não ouço mais nada.






terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A saída. (2000)


Minha vida,
por quanto tempo hei de esperar?
O suicídio nem sempre é a saída.

Você colocou minha vida em suas mãos
e fez com ela o que bem quis.
Pulei de encontro à morte
em um imenso mar de maravilhas
e descobri chorando:
Que o suicídio nem sempre é a saída.

Não me arrependo de nada que fiz,
hoje em dia sou bem mais feliz.
Alguém me tirou do mar e me levou
a um imenso céu de maravilhas
e descobri sorrindo:
Que o suicídio nem sempre é a saída.

Minha vida
alguém quis me tomar
mas dei a volta por cima.
Aprendi a encarar:
Que o suicídio não é a saída.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sofrimento. (2000)


Caligrafia tremula
olhos molhados
cansados de tudo que vejo....
Filosofia plena
na noite que descobri
que amava o teu jeito.
E o coração apertado
Com medo,
            angustia,
              e desprezo....



domingo, 6 de dezembro de 2009

Oi...




           Oi...
Vem comigo agora,
Vem comigo sempre,
Eu te ajudarei naquilo que você mais precisa,
Eu me moverei como as nuvens no céu se isso te faz feliz...

Oi...
Vem logo atrás de mim,
Procure seguir meus passos.
Atrás e através dos espaços,
Se mova como você tem possibilidade de se mover...

Oi...
Vem sempre comigo,
Do modo que só nós sabemos fazer,
Do modo que sabemos viver,
Pois assim sempre é o melhor de nós que aflora,
Que se movimenta junto com os sons que surgem,
Deste lugar tão desconhecido e assustador
Que insiste em nós perseguir...

Oi...
Vem me mostrando às luzes,
Do modo que você sempre fez,
Fazendo-me enxergar as alegrias e tristezas de viver,
Fazendo-me sentir que mesmo que pareça que é o fim de tudo,
Não vai adiantar chorar,
Ou gritar,
Ou sofrer,
Nem se ferir,
Ou se machucar...
ou fugir novamente...
Nada mudará...
Nada fará com que isso passe,
Isto esta dentro de mim e de você,
Dentro de qualquer um que se ouse perguntar...

Oi...
Eu preciso lhe contar,
Que estas perguntas podem enlouquecer,
Mas que existe algo que sempre está por perto,
A única coisa capaz de salvar,
De libertar,
De restaurar,
E ele surge...
Trazendo para nós todas as felicidades,
Toda a paz e os sonhos esquecidos a muito,
Em algum lugar nos espaços existentes entre nós...
Eu aprendi,
Eu fui,
Eu vivi,
Agora quero te ensinar...
Mesmo que vc fuja,
Mesmo que vc chore,
Mesmo que vc não possa entender agora.

Oi...
Existe algo maior do que tudo isso,
Existe algo melhor do que todos nós juntos...
Essa é a maior verdade que existe,
E ela esta lá,
Sempre esteve...
Não sei por que tentamos fugir...

Oi...
Eu sei que nada faz sentido,
Eu sei que tudo esta tão distante,
E que o medo impede que você se mova...
Isso acontece comigo também,
É algo natural,
O que nós ajuda a sobreviver...

Oi....
Faz tanto tempo que queria te escrever,
Tanto tempo que você se afastou,
Tanto tempo que eu te esqueci,
Perdoe-me,
Se você se machucou,
Se te deixei no escuro,
Se não pude te salvar...
Você estava me ferindo a alma,
Você estava destruindo tudo de bom por dentro...
E ainda esta...
Esse fogo que insiste em nós consumir,
Em nós destruir...
Sinto que tudo acabou,
E que algo finalmente morreu,
E que logo tudo voltará a sorrir...
Essa é a mais pura verdade sobre mim...
Isso é o que me leva adiante...
Isso é o que me faz respirar toda manhã quando regresso...
Do meu mundo que só pertence a mim...
Este é o motivo pelo qual eu escrevo,
Para mostrar,
Para ajudar,
Para ensinar,
Para realizar,
Para mudar,
Para aprender,
Para superar...
Sei que apesar de tudo, continua complicado...
Mais é isso o que é mais importante.
Não é o não saber ou o não entender que nós faz fortes...
E sim o tentar...

O dia que eu encontrei paz, alegria, felicidade e liberdade dentro de mim 
foi no dia que eu fiz as pazes comigo mesma e com meus monstros interiores...

Cecília Patriota de Andrade lima.